Terra usada em paredes de igreja centenária de Cuiabá tinha partículas de ouro 3q133t
Sala dos 'ex-votos', onde os moradores agradeciam por milagres, pegou fogo em 1966 depois que fiel deixou vela acesa no local. Igreja era conhecida por ter uma irmandade composta por pessoas humildes e mais pobres.

Fundada por negros e pessoas pobres, a Igreja Nossa Senhora do Rosário e Capela São Benedito, localizada na Praça do Rosário, em Cuiabá, é a terceira igreja mais antiga da capital mato-grossense.
A construção e diversas reformas que ou carregam histórias e lendas de que o terreno onde a igreja está é cheio de ouro. Para a historiadora e pesquisadora Leila Borges de Lacerda, em um dos reparos que a estrutura da igreja ou ao longo de toda a sua história, foram usadas terras extraídas de uma região da Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha)
Nos anos de 1700, a Avenida Prainha, em Cuiabá, tinha muito ouro, que era achado na região do Morro da Luz.
Por não ter muita documentação, não é possível saber a data exata em que a igreja foi construída. Os historiadores estimam que ela surgiu por volta do ano de 1748.
“É uma lenda que foi construída no imaginário da população. Mas, em um dos restauros, a terra usada para levantar as paredes de taipa de pilão era retirada do córrego da Prainha. E no córrego tinha ouro de aluvião”, disse a historiadora.
Borges participou de um dos processos de restauração da igreja.
“Quando tiramos o reboco, apareceu um brilho, bem leve, como uma purpurina. Percebe-se que eram pequenas partículas de ouro que deram esse brilho”, declarou.
Os historiadores também contam o episódio de escravos que trabalhavam em um garimpo onde hoje está situada a Igreja Nossa Senhora do Rosário. Os trabalhadores acharam uma pepita de ouro, mas não queriam quebrá-la e para retirá-la inteira começaram a escavar em volta dela.
A pepita era muito grande e durante a escavação só escravos foram soterrados. O episódio ficou conhecido como ‘alavanca de ouro, porque a pedra tinha um formato de alavanca.
Enquanto na Catedral Basílica Senhor Bom Jesus de Cuiabá existia a irmandade Senhor Bom Jesus – onde só poderia participar quem fosse branco e tivesse poder aquisitivo –, na Igreja Nossa Senhora do Rosário a situação era totalmente diferente.
“É uma igreja de irmandade pobre: a irmandade do Rosário. Ela vai crescendo a partir da doação de escravos e pessoas negras. Nossa Senhora do Rosário é a senhora dos negros. E São Benedito era cozinheiro, são santos que os escravos tinham mais intimidade e afeição”, comentou Leila.
Sala dos ex-votos e devoto fiel
Muitas imagens sacras e objetos históricos foram perdidos em um incêndio na sala dos ex-votos, que existia dentro da capela. A sala é um local onde quadros, imagens e objetos são colocados pelos fiéis em agradecimento a uma promessa realizada.
Na capela de São Benedito, além desses materiais, havia peças de gesso que simbolizavam pernas, pés ou braços, além de cabelos, retratos, roupinhas de bebês, muletas entre outros.
Em janeiro de 1996 ocorreu um incêndio no local que destruiu boa parte desses materiais. Uma pessoa deixou uma vela acesa, depois que a capela foi fechada, e causou o incêndio. A vela foi deixada a pedido de uma fiel que disse que somente com a vela acesa a promessa seria paga de maneira correta.
Uma figura conhecida pelos mato-grossenses frequentava as missas, às cinco da manhã, na igreja. Se trata do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que ganhou a liberdade no final do mês de fevereiro deste ano.
“Essa história do Arcanjo é verdade. Toda missa de madrugada ele estava lá. Ele tem uma devoção a São Benedito”, afirmou a historiadora.
Atualmente a igreja é um dos símbolos da religiosidade cuiabana. Uma vez ao ano, em meados de junho, é realizada a festa de São Benedito, que conta com missas, rezas cantadas, apresentações culturais, shows, feira gastronômica com pratos típicos e outras atividades.
Fonte: G1
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