Drama sem fim: atoleiros na BR-174 comprometem transporte em Mato Grosso 2zcl
Quem vive e produz na região se diz abandonado pelo poder público; estrada aberta há 4 décadas ainda não tem asfalto e não há previsão para início das obras

Caótica! Esta é a situação da BR-174, principal estrada que corta o noroeste de Mato Grosso. Desde o início do ano quem precisa ar pela rodovia, começa a viagem sem ter a mínima ideia de quanto tempo a viagem irá durar. Sem asfalto, a “174” é um retrato do quanto a falta de infraestrutura compromete o desenvolvimento de uma região. Especialmente na época de chuvas, quando dificilmente dá para escapar dos atoleiros.
Aberta há cerca de 40 anos, ainda tem muitos trechos de chão. Aproximadamente 322 quilômetros entre os municípios de Castanheira, Juruena e Colniza (do Km 815 ao Km 1137) aguardam a chegada do asfalto… que ainda não tem data certa para dar as caras por lá. Esta ausência de ações concretas reforça o sentimento de abandono entre os moradores e produtores da região.
É o que afirma Marcos Antônio Belizário de Lima, pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Juruena. “Estamos cansados de tantas promessas que não saem do papel. Estamos cansados desta falta de respeito com quem vive aqui”, desabafa. Segundo ele, há pelo menos 30 pontos de atoleiros ao longo da estrada. A entrega de cargas está atrasada e o risco de desabastecimento é constante. “O frigorífico aqui em Juruena está operando com ‘uns 20%’ da capacidade. Só tem abate quando os caminhões com gado conseguem chegar à indústria”, afirma.
De quem é a responsabilidade?
O futuro da BR-174 a por um convênio firmado há quase 7 anos, entre o Dnit e a Secretaria de Infraestrutura de Mato Grosso. O “TT-143/2013” engloba a elaboração de estudos ambientais, projetos de engenharia e a execução da obra de implantação e pavimentação do trecho entre o KM 815 e o KM 1137. O investimento previsto gira em torno de R$ 685 milhões. Segundo o Dnit, entre 2013 e 2016 foram transferidos R$ 40,3 milhões para a conta do convênio com o Governo de Mato Grosso. Desse montante R$ 15 milhões seriam referentes a garantias de execução de programas ambientais indígenas e R$ 25,3 milhões à elaboração de projetos. A informação é de que o Governo Federal aguarda a conclusão dos projetos de engenharia e a obtenção do licenciamento pela convenente para disponibilizar novos recursos. Ou seja, “a evolução do empreendimento depende da aprovação dos estudos ambientais e de componentes indígenas por parte da Funai e da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso”. Antes disso, “não é possível apontar uma data” para que o projeto saia do papel.
Quanto à atual condição da estrada, o DNIT informou em nota que “mantém equipes de manutenção mobilizadas na rodovia. Nos locais onde os alagamentos foram mais severos, como no caso da ponte sobre o Rio Vermelho, o DNIT está acompanhando o nível das águas para, assim que viável, voltar a atuar na manutenção do trecho assegurando a trafegabilidade na rodovia, que se trata de um segmento que ainda não foi implantado”.
O que diz a Sinfra-MT
Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a Secretaria de Infraestrutura de Logística de Mato Grosso também se posicionou sobre o caso.
“O projeto para pavimentação da BR-174 está sendo elaborado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura de Logística (Sinfra-MT), por meio de um convênio com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Por envolver um trecho que corta área indígena, a elaboração do projeto consiste em várias etapas.
A Sinfra já protocolou a versão definitiva do Estudo de Componente Indígena para a Fundação Nacional do Índio (Funai), para análise e aprovação, visando ao prosseguimento do licenciamento ambiental da obra. O Estudo de Componente Indígena da Terra Indígena compreende as terras Arara do Rio Branco e do Povo Rikbaktsa. Até o momento a Funai não se manifestou quanto ao estudo.
A Sinfra aguarda retorno para avançar à próxima etapa, que é o Plano Básico Ambiental Indígena. Após a elaboração desse plano, o documento segue para aprovação da Funai, para posterior apresentação às comunidades indígenas e somente depois ser requerido o licenciamento ambiental na Secretaria de Meio Ambiente, para início das obras.
Apesar disso, a Sinfra está acompanhando a situação da BR-174 e vai tomar medidas, tão logo seja possível, para minimizar o impacto das chuvas na estrada, pois sabe-se que neste período chuvoso realmente ocorre a dificuldade de o, especialmente em estradas ainda não pavimentadas.”
Colniza Notícias/Canal Rural
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